12/08/2009 - 15h21
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió
"Encaminhei um ofício à polícia para que o hospital conte, 24 horas, com pelo menos um militar. Hoje, a segurança é feita por uma empresa terceirizada, mas que cuida mais do patrimônio, não das pessoas. Os médicos estão assustados", afirma Luciana Pacheco, gerente-geral do hospital.
Pacientes se revoltam em AL
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A direção do Hospital Escola Hélvio Auto, que é referência no tratamento da gripe suína em Alagoas, pediu reforço policial na unidade para conter confusões entre pacientes e servidores
Além da agressão, pelo menos outros quatro casos graves de ameaças foram relatados à direção do hospital por médicos nos últimos dias. "Os profissionais também estão sofrendo com a grosseria dos pacientes e familiares. São pessoas sem informações, que saem revoltados com o atendimento. Outro dia uma pessoa nos telefonou e, ao ser informada que deveria procurar uma unidade de saúde, perguntou se seria atendida se chegasse armada ao local. São casos absurdos", alega.
Aumento na procura
Embora o Estado registre apenas 14 casos da doença até o momento e não registre morte, o hospital enfrenta problemas por conta do aumento na procura de pessoas com suspeita do vírus H1N1. Desde os primeiros casos registrados da doença, em junho, o número de pessoas com sintomas como febre, tosse e dor na garganta quadruplicou.
"Por dia, o hospital recebe cerca de 40 pessoas. Antes do H1N1, o número de pacientes com esses mesmos sintomas de gripe só chegavam a 10. Dessas 40, em média, só um caso é mais grave", conta Luciana, afirmando que o maior problema é "o encaminhamento equivocado" de médicos da rede básica de saúde.
O plano de ação de Alagoas prevê que o hospital-referência atenda apenas a casos graves encaminhados por uma das cinco unidades de saúde habilitadas em Maceió. "Na maioria das vezes esses encaminhamentos são errados. Só deveríamos receber pacientes graves, mas o que mais recebemos são encaminhamentos com 'caso suspeito', sem nenhuma gravidade. Isso leva muitas vezes a frustração dos pacientes que vão ao hospital. Eles [médicos] não estão fazendo a triagem correta, talvez pela demanda de pacientes", ressalta.
Responsável pelas cinco unidades de atendimento da rede básica habilitadas, a Secretaria de Saúde de Maceió confirmou que todos os casos suspeitos de gripe suína estão sendo encaminhados ao Hospital Hélvio Auto. "Estamos com atendimento de segunda a segunda, de 8h da manhã às 8h da noite. Qualquer caso suspeito que o médico ache necessário, o paciente é direcionado ao Hélvio Auto, que é o hospital-referência no Estado", afirmou a assessoria de imprensa da Secretaria, ressaltando que, até o momento, não há superlotação ou denúncia de ameaça ou agressão na rede municipal de saúde.
"Hipocondria aguda"
Em entrevista ao UOL Notícias na semana passada, o médico infectologista da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) Celso Tavares já havia alertado sobre os problemas que a desinformação podem causar à rede pública de saúde.
"Está havendo uma paranoia com esta gripe. As pessoas estão entrando em pânico. Uma pessoa que chega com um sintoma de gripe quer que nós tiremos alguém que está com risco de morte de uma ala só por uma coriza. Não é assim", contou.
Desde os primeiros casos registrados da doença em Alagoas, apenas três pessoas foram internadas em estado grave com gripe suína. "Hoje não temos ninguém internado com suspeita de gripe suína. Como a demanda no país está muito grande, a Fiocruz [Fundação Oswaldo Cruz] está demorando em torno de 20 dias para nos mandar o resultado. Por isso, normalmente só temos a confirmação da doença depois que o paciente está curado", assegura a gerente do Hélvio Auto, garantindo também que o local possui medicamentos e leitos suficientes para atender à demanda do Estado. "Por enquanto a situação está sob controle", finaliza Luciana.
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