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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Temor de recessão derruba Bolsas em NY; Dow Jones cai abaixo de 10 mil pontos



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da Folha Online

As Bolsas americanas operam em queda de mais de 3% nesta segunda-feira. Os investidores temem que, mesmo com a mobilização de governos no mundo todo para conter a crise financeira --incluindo o pacote de US$ 700 bilhões em ajuda financeira, aprovado pelo Congresso dos EUA na semana passada--, não haverá forma de evitar uma recessão global. O Dow Jones caiu abaixo dos 10 mil pontos pela primeira vez em mais de quatro anos.

Às 11h43 (em Brasília), a Nyse (Bolsa de Valores de Nova York, na sigla em inglês) estava em baixa de 5,11%, indo para 9.797,56 pontos no índice Dow Jones Industrial Average, caindo para menos de 10 mil pontos pela segunda vez no dia --e pela primeira vez em mais de quatro anos. O índice S&P 500, também da Nyse, perdia 6,19%, indo para 1.031,15 pontos. A Bolsa Nasdaq operava em baixa de 6,86%, indo para 1.813,85 pontos.

Justin Lane/Efe
O índice Dow Jones caiu abaixo de 10 mil pontos na Bolsa de Valores de Nova York
O índice Dow Jones caiu abaixo de 10 mil pontos na Bolsa de Valores de Nova York

Na sexta-feira (3), a Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) aprovou o pacote que já havia recebido o "sim" do Senado dois dias antes. O projeto também já foi sancionado pelo presidente George W. Bush. Além dos US$ 700 bilhões para compra de títulos "podres" (aqueles cujo resgate é pouco provável, tendo por isso um risco alto de calote), o pacote inclui US$ 150 bilhões em benefícios fiscais para a classe média, pequenos empresários e famílias atingidas por acidentes naturais.

Além disso, o governo alemão aprovou uma ajuda de cerca de US$ 68 bilhões para evitar a quebra do banco de hipotecas Hypo Real Estate Holding. O banco francês BNP Paribas também concordou em comprar uma participação de 75% no banco Fortis, que teve suas operações na Holanda nacionalizadas pelo governo holandês. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse neste sábado que iria propor a criação de um fundo europeu de 12 bilhões de libras (US$ 21,3 bilhões) para ajudar pequenas empresas a enfrentarem a crise financeira.

Os governos da Alemanha, Irlanda e Grécia já declararam também que irão garantir depósitos bancários. O Federal Reserve (Fed, o BC americano) informou hoje que irá pagar juros sobre os depósitos compulsórios --que são as reservas de dinheiro que as instituições financeiras recolhem junto junto à autoridade monetária, compostas com parte do dinheiro depositado pelos seus clientes.

Nada disso, no entanto, evitou o pânico em diversos mercados mundiais, além do americano: na Europa, as Bolsas hoje operam com perdas de mais de 8% em alguns casos; na Ásia, as Bolsas também fecharam em queda; e na Bovespa, os negócios chegaram a ser suspensos, depois que as perdas passaram de 10%.

"O que o mercado precisa é de mais detalhes sobre como e quando exatamente esses planos vão começar a operar", disse à agência de notícias Associated Press (AP) o chefe de negociações com títulos da Hargreaves Lansdown Stockbrokers, Richard Hunter. "E precisam de alguma prova de que as medidas farão efeito."

"Todos estão perdendo confiança", disse à AP o gerente Mark Tan, da UOB Asset Management. "O problema agora é que a falta de confiança dos estrangeiros pode afetar o consumo na Ásia, o que levaria a uma desaceleração maior que a esperada na Ásia."

FMI

O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, pediu hoje aos países europeus que concretizem em fatos a decisão de se coordenar para enfrentar a crise financeira. "Os europeus devem se coordenar, devem atuar juntos', afirmou.

Strauss-Kahn ressaltou que "não devem ser tomadas decisões nos quatro pontos da Europa sem que haja coordenação", porque os efeitos "podem ser particularmente daninhos".

Na semana passada, o Fundo divulgou trechos do estudo "World Economic Outlook", no qual informou que a turbulência financeira iniciada no ano passado, causada pelos problemas no segmento de hipotecas "subprime" (de maior risco) nos EUA, se tornou uma "crise intensa". Além disso, essa crise deve atingir duramente a economia dos EUA, onde ela é mais sentida. "Nos EUA, os perfis dos preços dos ativos, do crédito total e do endividamento líquidos das famílias parecem similares aos dos episódios anteriores que foram seguidos de recessão", diz o documento.

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