da Folha de S.Paulo
Pacientes que recebem transfusão de bolsas de sangue estocadas há mais tempo podem correr mais riscos do que aqueles que recebem sangue novo. É o que sugere um estudo apresentado ontem no American College of Chest Physicians, nos EUA.
Os pesquisadores, do Cooper University Hospital, acompanharam 422 pacientes de 2003 a 2006 e viram que aqueles que receberam sangue estocado há 29 dias ou mais estavam duas vezes mais propensos a contrair infecções.
Segundo eles, as bolsas guardadas há mais tempo podem ser danosas não por carregarem microorganismos causadores de doenças, mas porque poderiam fabricar proteínas capazes de suprimir o sistema imunológico dos receptores, favorecendo infecções como pneumonia ou sepse.
Nos Estados Unidos, o sangue pode ficar armazenado por até 42 dias. No Brasil, em geral usa-se uma solução conservante diferente, que permite menos tempo de estocagem --por até 35 dias.
Para Alfredo Mendrone Júnior, médico da divisão de sorologia da Fundação Pró-Sangue, os dados ainda são preliminares e não devem alarmar. "A legislação permite a estocagem por esse tempo porque todos os testes de qualidade feitos nos EUA, na Europa e no Brasil avaliam que as características das células são mantidas preservadas", diz. Ele afirma que na Fundação Pró-Sangue a estocagem acaba não passando do décimo dia, pois a demanda pelas bolsas é muito grande.
"Acho precoce dizer que o sangue armazenado é capaz de produzir alterações imunológicas. O sangue mantém as características do início do estoque", diz o médico.
Os autores da pesquisa não acreditam que seja o caso de diminuir o tempo de estocagem, alegando que isso pode reduzir o suprimento de sangue.
No Brasil, a lei exige que as bolsas de sangue venham identificadas com as datas de coleta e vencimento.
Com agências internacionais
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