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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

"Quem está gritando é o presidente da República, que é um fanfarrão"


Reinaldo Azevedo

Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas – Tradução de Mário Faustino)

Qinta-feira, Outubro 23, 2008

"Quem está gritando é o presidente da República, que é um fanfarrão"
Na Folha Online:
A oposição reagiu nesta quinta-feira à ironia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que disse não se afetar com os "gritos" de seus adversários em decorrência das medidas anunciadas pelo governo para tentar conter os avanços da crise econômica internacional. O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), ameaçou endurecer nas votações das MPs (medidas provisórias), se Lula mantiver as críticas.
"Vamos partir para a obstrução total, se eles [os governistas] nos atribuírem o pensamento do "quanto pior, melhor'. Isso não vamos aceitar", afirmou o tucano, sem esconder a indignação. "Quem está gritando é o presidente da República, que é um fanfarrão."
Nesta quinta-feira, Lula disse que editará quantas medidas provisórias julgar necessário no esforço de conter os efeitos da crise econômica. E ressaltou que não será afetado pelos "gritos da oposição".
"Serão feitas tantas medidas [quantas] forem necessárias", afirmou o presidente, após almoço no Itamaraty com o rei Abudllah 2º e a rainha Rania, da Jordânia. "Não posso é ficar preocupado com os gritos da oposição porque tudo que oposição deseja é que o Brasil entre em uma crise profunda para eles [os oposicionistas] terem razão no discurso deles."
Em nota conjunta divulgada hoje, o PSDB e o PPS repudiaram o comentário do presidente. "Trata-se de uma declaração que não se coaduna com a responsabilidade de um presidente da República. Nunca torcemos por crises, muito menos crises profundas", diz a nota.
"Desejamos que o presidente e seu governo trabalhem sério e condenamos, sim, abordagens equivocadas sobre a extensão da crise", afirma o documento.
O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), também condenou as palavras de Lula. "Não sei de onde o presidente tirou essa idéia. De qualquer maneira, o que a oposição está mostrando é justamente o contrário do que ele disse. Estamos empenhados em ajudar", disse ele. "O presidente demonstra destempero e desespero do alto da popularidade que ainda desfruta."
No Congresso, o governo enfrenta o desafio de aprovar duas medidas provisórias que tratam de instituições financeiras. Por enquanto não há acordo para votação das propostas.


LULA: A bobagem do dia
Com a delicadeza habitual, Apedeutakoba declarou nesta quinta: “Serão feitas tantas medidas [quantas] forem necessárias. Não posso é ficar preocupado com os gritos da oposição porque tudo que oposição deseja é que o Brasil entre em uma crise profunda para eles [os oposicionistas] terem razão no discurso deles." A afirmação foi feita depois do almoço no Itamaraty com o rei Abudllah 2º e a rainha Rania, da Jordânia. O PSDB e o PPS reagiram à bobagem numa nota conjunta, conforme segue:

NOTA À IMPRENSA

O PSDB e o PPS repudiam a declaração do presidente Lula em relação à responsabilidade da oposição diante da crise.

Trata-se de uma declaração que não se coaduna com a responsabilidade de um presidente da República. Nunca torcemos por crises, muito menos crises profundas.

No passado, quando eram oposição, o presidente Lula e seu partido apostaram várias vezes no quanto pior melhor. Não é o nosso caso.

Desejamos que o presidente e seu governo trabalhem sério e condenamos, sim, abordagens equivocadas sobre a extensão da crise, assim como afirmações demagógicas sobre problemas graves e complexos.

Medidas estruturantes serão apoiadas sempre que fizerem sentido para o interesse nacional.

O presidente deve parar de escamotear suas responsabilidades e tratar com seriedade os problemas que se apresentam, uma vez que a crise internacional ainda pode trazer sérias conseqüências para a economia brasileira, já no presente e para os próximos anos.

Deputado Roberto Freire
Presidente nacional do PPS

Senador Sérgio Guerra
Presidente nacional do PSDB

Brasília, 23 outubro 2008


Saída de investidores do mercado brasileiro soma US$ 5 bi
Por Fabio Graner e Fernando Nakagawa, no Estadão Online:
Em meio ao agravamento da crise financeira mundial, os investimentos estrangeiros no mercado financeira brasileiro já registram saldo negativo de mais de US$ 5 bilhões em outubro, segundo dados preliminares divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira, 23. Os investimentos em ações têm saída de US$ 4,398 bilhões até esta quinta, 23. Já os investimentos estrangeiros em renda fixa de papéis negociados no Brasil, em outubro, acumulam saída de US$ 842 milhões, ante saldo positivo de US$ 632 milhões registrado em setembro.
Em setembro, a saída de investimentos ficou em US$ 1,877 bilhão em setembro, ante resultado positivo de US$ 691 milhões em setembro do ano passado. Desse total, US$ 1,863 bilhão refere-se a ações negociadas no país e US$ 14 milhões a ações negociadas no exterior (ADRs).
Desde o início do ano, as empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo já perderam mais de metade de eu valor de mercado em dólares. Sem contar a desvalorização da quarta-feira, o valor bursátil das 396 companhias com papéis negociados no mercado acionário brasileira era de US$ 656,2 bilhões, o que representa uma queda acumulada de 53% em 2008.
A desvalorização sobe para 58,5% quando a comparação é feita em relação ao final de maio, quando os preços das ações estavam perto das máximas históricas. Considerado apenas o Ibovespa, índice com as 66 ações mais negociadas do mercado doméstico, a desvalorização em dólares foi de 50,7% em 2008, mas sobe para 60% em relação ao final de maio.
De janeiro a setembro de 2008, porém, o saldo do mercado acionário ainda é positivo, em US$ 1,168 bilhão. O resultado, porém, é muito inferior aos US$ 14,727 bilhões verificados em igual período do ano passado.

Conta corrente
A conta corrente do balanço de pagamentos, que apresenta o saldo de todas as transações do País com o exterior, registrou em setembro déficit de US$ 2,769 bilhões, valor acima das previsões apuradas pela Agência Estado, que eram de resultado negativo entre US$ 2 bilhões a US$ 1,19 bilhão.
O resultado do mês passado foi determinado pelo déficit de US$ 5,846 bilhões da conta de serviços e rendas, que não foi coberto integralmente pelo superávit de US$ 2,754 bilhões da balança comercial e pelo resultado positivo das transferências unilaterais correntes de US$ 323 milhões.
No acumulado do ano, a conta corrente tem saldo negativo de US$ 23,264 bilhões (1,95% do PIB). Nesse período, a balança comercial contribuiu com um superávit de US$ 19,638 bilhões, a conta de serviços com déficit de US$ 45,742 bilhões e transferências unilaterais com superávit de US$ 2,840 bilhões.
No acumulado em 12 meses, o saldo em conta corrente é negativo em US$ 25,168 bilhões, o equivalente a 1,64% do PIB. Até agosto, o saldo em 12 meses era negativo em US$ 21,828 bilhões, o equivalente a 1,45% do PIB



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