Britânicos recuam e desistem de visto
Rui Nogueira, BRASÍLIA
Os dois países chegaram a um acordo de "cooperação positiva" ao final de uma longa reunião, no Itamaraty, na segunda-feira. Os britânicos desistiram de ter um policial deles nos aeroportos brasileiros, de querer que a Embaixada do Brasil em Londres fizesse papel de polícia e ajudasse a controlar a imigração, e de impor às agências de turismo a obrigação de fazer uma triagem prévia, deixando de vender passagens a turistas suspeitos de serem imigrantes ilegais. Essas exigências e a ameaça de reintroduzir o visto foram reveladas pelo Estado em agosto passado.
Pelo acordo, foi criado uma espécie de comitê permanente de consultas consulares que, além dos contatos diários, vai se reunir de seis em seis meses para avaliar o trânsito de cidadãos entre Brasil e Inglaterra e os casos detectados de imigração ilegal. Os britânicos enviaram dois altos funcionários para a negociação - Judith MacGregor, das Relações Exteriores, e Tom Dodd, do Ministério do Interior.
Em julho, o governo brasileiro foi notificado, por meio de uma carta, que o País cumpriria durante seis meses um "estágio probatório", o Visa Waiver Test. Pelas condições impostas unilateralmente, o Brasil e os demais países incluídos no Visa Test - Bolívia, Botsuana, Trinidad e Tobago e Lesoto, entre outros - ou aceitavam as condições britânicas, adotando "uma política mais rígida de fiscalização de quem desobedece às leis da imigração", ou admitiam a reintrodução do regime de vistos.
Oficialmente, o governo britânico não tira o nome do Brasil da lista porque precisa cumprir o rito diplomático: ao final dos seis meses, no início do ano que vem, anuncia formalmente que o governo brasileiro está cooperando e desiste das sanções. "Mostramos que são as condições econômicas que comandam a imigração, e que impor vistos só ajudaria a criar um mercado de tráfico de pessoas", disse Romeu Tuma Júnior, secretário Nacional de Justiça.
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