Para cientista político, Rússia quer ampliar influência na América Latina
Renata Miranda
Os vínculos entre Rússia e Venezuela foram estreitados no início do mês, quando os dois países anunciaram exercícios militares conjuntos no Caribe em novembro. A ação marca a retomada da presença militar da Rússia na região pela primeira vez desde o fim da Guerra Fria e foi anunciada em resposta ao crescente número de navios de guerra da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Mar Negro.
"A viagem de Chávez mostra sua intenção de sair da esfera de influência dos EUA no âmbito da defesa e também a vontade de criar vínculos políticos significativos com potências que desafiam a hegemonia de Washington", disse a analista política Elsa Cardozo. Antes de chegar a Moscou, Chávez passou pela China, onde afirmou ter comprado aviões chineses - informação negada por Pequim.
Caracas é o principal cliente na América Latina da indústria bélica russa e, desde 2005, assinou com Moscou 12 contratos de compras de armas estimados em US$ 4,4 bilhões. Nos últimos anos, a Venezuela comprou 24 caças-bombardeiros Sukhoi-30 MK2, 50 helicópteros de vários modelos e 100 mil fuzis Kalashnikov AK-103 - além de aviões de combate e veículos blindados.
Segundo o relatório anual do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz em Estocolmo, 92% das importações de armas da Venezuela provêm da Rússia. O Kremlin também anunciou na quinta-feira que daria um crédito de US$ 1 bilhão à Venezuela para estimular a cooperação militar entre os dois países. "A compra desenfreada de armas pelo governo de Chávez tem como objetivo fortalecer um bloco de poder na região", disse a professora de História Dora Dávila, da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas. "Mais do que uma ameaça para a América Latina, a compra é uma advertência que Chávez manda para os EUA, afirmando que a Venezuela também pode ter grande poder militar." Para Ramos Jiménez, a aquisição de armas pode afetar as relações de Caracas com os países vizinhos. "Os laços com a Colômbia podem se degradar por causa da proximidade entre Bogotá e Washington."
CRISE FINANCEIRA
Chávez deu ontem continuidade a sua viagem, reunindo-se em Paris com o presidente francês, Nicolas Sarkozy. O presidente venezuelano apoiou a proposta francesa de realizar uma cúpula de líderes para discutir a crise financeira mundial. Ele ainda pediu que a reunião não fique restrita ao G-8 (os sete países mais ricos do mundo mais a Rússia). A viagem de Chávez deve terminar hoje, em Portugal.COM AFP E EFE
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