Dan Filip Stulbach é o primeiro brasileiro de uma pequena família de imigrantes poloneses. Nasceu em São Paulo, em 26 de setembro de 1969. Tem apenas uma irmã, que é nutricionista e mãe de seu único sobrinho, um bebê de pouco mais de um ano.
* Em casa, cresceu ouvindo a língua polonesa e as histórias que o avô lhe contava sobre a vida no país europeu, devastado durante a Segunda Guerra Mundial. Até hoje, emociona-se com a Polonaise, de Chopin, imortalizada como hino da Resistência ao nazismo.
* Seu talento artístico começou a aparecer ainda na infância, quando o avô lhe pedia para ler os jornais. Depois de algum tempo, cansado da tarefa, o menino aproveitava os personagens do noticiário para inventar suas próprias histórias. Só assim Delfim Netto pôde ser visto na praia, conversando com o jogador Sócrates...
* Aos 12 anos, devido a um problema de calcificação, teve de operar os dois pés. A recuperação levou cerca de seis meses e incluiu uma temporada em cadeira de rodas e outra de muletas, além da fisioterapia. "Naquela época, lembro de ficar triste por não poder jogar futebol", conta. A volta aos gramados se deu na função de goleiro.
* Embora discorde, na opinião dos amigos é fanático por futebol. "O Corinthians é uma das poucas coisas que o tira do sério. O Dan sofre quando o time dele perde", entrega Luiz Gustavo Medina, o Teco. Mas costumava jogar bem. "Era o homem dos gols impossíveis, capaz de fazer um gol no último minuto", conta José Godoy, o Zé.
* Indeciso a respeito da carreira que deveria seguir, prestou vestibular – e foi aprovado – em Medicina, Administração e Engenharia. Excelente em matemática, cursou um ano a faculdade de Engenharia, antes de descobrir que aquela não seria sua profissão. Formou-se em Comunicação Social na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Também freqüentou a Escola de Arte Dramática da USP.
* Três meses depois de ingressar na ESPM, criou o grupo de teatro Tangerina, que existe até hoje. Durante oito anos dirigiu espetáculos do grupo, que venceu inúmeros festivais de teatro amador.
* Viveu em San Diego, Califórnia, nos Estados Unidos, por quase um ano. Lá estudou inglês e trabalhou como pipoqueiro e bilheteiro de cinema. Com o dinheiro que ganhou, passou uma temporada em Nova York, onde pôde assistir dezenas de peças de teatro.
* No início da carreira, chegou a encenar espetáculos para duas, três ou cinco pessoas na platéia. "É horrível. E não é possível abstrair", diz. "Eu já tive crises de choro, quando era garoto, achando que... nossa, você não tem idéia. Achando que ninguém se interessava por teatro."
* Ele, Alexandre Edelstein e alguns outros amigos formaram, em meados dos anos 90, o Tela Viva. Espécie de precursor do programa Retrato Falado, comandado por Denise Fraga, na Globo, com o grupo de teatro, que segue atuando, apresentava-se em domicílio, narrando histórias engraçadas ou episódios marcantes da vida de pessoas comuns.
* Seu primeiro personagem no teatro amador foi em uma adaptação de “Sonhos de uma noite de verão”, de Shakespeare. Sua estréia profissional foi protagonizando “Peer Gynt”, de Ibsen. Deu vida também a criações de Klémnikov, Kleist, Molière, Jean Genet e Sófocles, entre outros. Fã de Paulo Autran, que conheceu ainda no início da carreira e de quem viria a se tornar amigo, fez com ele “Visitando o Sr. Green”. Além de representar, hoje também é diretor artístico do teatro Eva Herz, em São Paulo.
* Interpretar o violento Marcos, na novela “Mulheres Apaixonadas”, rendeu-lhe algumas jornaladas de velhinhas indignadas, o desprezo de passageiros da ponte aérea, que não queriam sentar-se ao seu lado, no avião, e vigilância redobrada no embarque – sempre havia alguém sugerindo revistá-lo ou procurando por uma raquete em sua bagagem. Por causa do papel, em um encontro com o presidente Lula, em Brasília, teve de ouvir, do próprio: “você bate muito na mulher, companheiro!”
* Na TV, fez também as novelas “O Amor está no Ar”, “Esperança” e “Senhora do Destino”, além das minisséries “Os Maias”, “JK”, “ Amazônia” e, mais recentemente, “Queridos Amigos”.
* Entre os prêmios que já ganhou estão o da Associação Paulista de Críticos de Teatro (APCA) e o Prêmio Shell de melhor ator, por sua interpretação de Clausewitz, em “Novas Diretrizes em Tempos de Paz”, peça de Bosco Brasil que agora deve virar filme, sob a direção de Daniel Filho.
* No cinema fez “Cronicamente Inviável”, “Matter Dei”, “Viva Voz” e “Mais Uma Vez Amor”. Fora do Brasil atuou em “Living the Dream”, dirigido por Alan Fiterman.
* Também trabalhou como assistente de direção de Elias Andreato, Marco Nanini e Naum Alves de Souza.
* Considera “fácil” livrar-se de um personagem, ao término de uma temporada de interpretação. "O que não é fácil é da sensação." Foi assim, por exemplo, com seu mais recente papel, como protagonista da minissérie “Queridos Amigos”. "Tem uma sensação do Leo, da despedida, que fica. Uma certa melancolia. Fica uma melancolia não dele, mas da emoção, daquele lugar que você visitou e que você tem de se despedir."
* Adora os momentos de solidão no teatro. "Quando acaba a festa e o público vai embora, você está sozinho no camarim ou também indo embora. Dá uma paz, uma coisa boa. O verdadeiro fim de expediente."
* Reconhecidamente um ator extraordinário, esconde vários outros talentos. "O Dan é excepcionalmente bom como empreendedor. Não me lembro de nada que ele tenha começado a fazer e que não tenha dado certo", conta Zé. "É muito convincente e tem intuição muito forte para onde ir com as coisas dele. Sempre foi muito independente e sabe lidar com gente."
* Possui senso estético apurado. "A casa dele sempre foi a mais legal dos amigos. Ele escolhe móveis legais e tem bom senso espacial; deve ter desenvolvido isso no teatro", diz Zé.
* A sorte costuma andar a seu lado. "Basicamente é o cara com mais estrela que conheço na vida. Tem muita intuição. E, para piorar, também tem muita capacidade, é bom em muita coisa. Sempre toma a decisão certa", resume Teco, que revela aquele que seria o maior defeito do ator: é o homem “menos pontual do planeta”. "Ele tem uma burocracia própria dele, é enrolado."
* À época desta entrevista, Dan Stulbach estava acabando de ler “Consolações da Filosofia”, de Alain de Botton, e “O Fotógrafo”, uma HQ ambientada no Afeganistão. Preparava-se para enfrentar as mais de 900 páginas de “As Benevolentes”, obra de Jonathan Littell que trata dos horrores da Segunda Guerra sob a perspectiva do carrasco. Recomenda a leitura de “A Elegância do Ouriço”, de Muriel Barbery. "É muito bonito. Muito feminino."
* Além dos livros, outra de suas paixões é a fotografia. Tem duas câmeras Leica e costuma presentear os amigos com fotos de sua autoria. Também gosta de postar algumas no blog do programa de rádio. Cultiva orquídeas.
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