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DE SÃO PAULO
A Caixa Econômica Federal informou à Justiça Federal que o responsável pela violação dos dados bancários do caseiro Francenildo dos Santos Costa foi o gabinete do então ministro da Fazenda e hoje ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, informa reportagem de Rubens Valente, publicada na edição desta quarta-feira (25) da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
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É a primeira vez que o banco estatal responsabiliza o ex-ministro. Até então, dizia que apenas havia "transferido" os dados sob sigilo para o Ministério da Fazenda, sem acusar Palocci ou seu gabinete pelo vazamento.
Lula Marques - 17.mai.2011/Folhapress |
Gabinete de Palocci violou sigilo de caseiro, diz Caixa |
Na época, o escândalo derrubou o então ministro da Fazenda do cargo, em março de 2006.
O ministro informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que "desconhece" a ação judicial pela qual o caseiro Francenildo dos Santos Costa pede uma indenização por danos morais na Justiça Federal de Brasília.
Em 2009, o STF (Supremo Tribunal Federal) não aceitou denúncia contra Palocci por falta de provas, por cinco votos a quatro.
O petista, reabilitado por Dilma, agora é alvo de novas suspeitas após a Folha revelar que o ministro multiplicou por 20 seu patrimônio entre 2006 e 2010. Ele adquiriu dois imóveis pela empresa Projeto --um apartamento de luxo em São Paulo no valor de R$ 6,6 milhões e um escritório na mesma cidade por R$ 882 mil.
Leia mais na Folha desta quarta-feira, que já está nas bancas.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Antonio Palocci: os escândalos que assombram o ministro
Ministro da Fazenda por três anos, com uma gestão marcada pela responsabilidade fiscal e por bons resultados na economia, Antonio Palocci tornou-se um dos homens fortes do governo do ex-presidente Lula, mas escândalos de corrupção acabaram por cortar os motores da carreira ascendente do político na gestão passada. Alçado novamente a um cargo de destaque, desta vez como ministro chefe da Casa Civil no governo Dilma, Palocci volta a ter seu nome envolvido em uma crise política. Acompanhe a seguir, os rolos em que o ministro se envolveu nos últimos anos:
Em agosto de 2005, Palocci caiu no olho do furacão da crise política que ameaçou a Presidência de Lula. Num depoimento à polícia e ao Ministério Público de São Paulo, o advogado Rogério Buratti, ex-secretário de Governo da primeira gestão de Palocci como prefeito de Ribeirão Preto (1993-1996), acusou-o de receber um mensalão de 50 000 reais de uma máfia de empresas que fraudavam licitações públicas de coleta de lixo em prefeituras de São Paulo e Minas Gerais. Reportagem de VEJA ainda revelou que grampos telefônicos continham indícios graves de que Buratti fazia lobby no gabinete do ex-ministro da Fazenda: sabia quem se reunia com o Palocci e marcava encontros para empresários.
Em depoimento à CPI dos Bingos, Buratti ainda afirmou que foi consultado “a pedido de Palocci, segundo lhe disseram “sobre como a campanha de Lula poderia proceder para trazer ao país 3 milhões de dólares de Cuba. Além disso, perguntado se Palocci teria sido informado de uma contribuição de 1 milhão de reais feita por bingueiros de São Paulo, Buratti foi surpreendentemente taxativo: “O ministro sabia, sim”, disse. As declarações de Buratti foram extremamente graves na medida em que sugeriram que Palocci não foi só o coordenador-geral da campanha eleitoral de Lula em 2002, mas que pode também ter participado da arrecadação de recursos clandestinos.
Também pesaram contra Palocci a acusação de que montou um caixa dois para o PT quando passou pela prefeitura de Ribeirão Preto e as evidências de que seus ex-assessores de Ribeirão Preto enxergaram a ascensão do chefe ao Ministério da Fazenda como uma oportunidade para fazer negócios obscuros. Reportagem de VEJA mostrou que ex-assessores de Palocci envolveram-se até com a compra de um banco no Rio de Janeiro.
A situação do ministro passou a se deteriorar ainda mais quando, em 2006, o motorista Francisco das Chagas Costa e o caseiro Francenildo dos Santos Costa, ambos em depoimento à CPI dos Bingos, disseram que Palocci era assíduo frequentador de um casarão brasiliense em que a turma de Ribeirão promovia negócios diurnos e festas noturnas. Francenildo chegou a dizer que todos por lá chamavam o político de “chefe” e que tudo ali era pago em dinheiro vivo, que circulava em malas, dividido em notas de 50 e 100 reais.
Nenhuma das denúncias, porém, comprometeria mais Palocci do que a revelação de que os computadores da Caixa Econômica Federal, banco estatal sob o comando do Ministério da Fazenda, foram bisbilhotados ilegalmente para emitir um extrato da conta bancária de Francenildo Costa. Segundo a Procuradoria-geral da República, os extratos bancários do caseiro foram entregues nas mãos do então ministro em sua casa na noite de 16 de março de 2006. Palocci chegou a ser denunciado pelo crime, mas escapou de uma punição no Supremo Tribunal Federal. O episódio, porém, custou-lhe a Fazenda.
Agora, Palocci se vê às voltas com a revelação de que multiplicou por 20 o seu patrimônio em apenas quatro anos. Uma empresa de sua propriedade, a Projeto, comprou dois imóveis (um escritório de mais de 800.000 reais e um apartamento de mais de 6 milhões de reais). E o ministro resiste a revelar quem eram seus clientes na Projeto para justificar a evolução do patrimônio. Circula também a informação de que Palocci teria destinado 225.000 reais em emendas parlamentares a uma entidade presidida pela sua cunhada.
Gravação envolve senador do PT em suspeita de corrupção no MS
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
O vazamento de uma nova gravação da Operação Uragano, que derrubou no ano passado toda a cadeia de comando de Dourados (220 km de Campo Grande), envolveu o nome do senador Delcídio Amaral (PT-MS).
Os trechos do áudio foram divulgados pelo portal Terra e mostram uma conversa gravada em junho de 2010 entre o ex-secretário de Governo Eleandro Passaia (que fez a gravação, sob orientação da Polícia Federal) e o ex-secretário de Obras Jorge Hamilton Torraca.
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No diálogo, eles tratam de percentuais de "retorno" supostamente cobrados pelo senador para intermediar a liberação de verbas federais para obras no município.
"O Delcídio pega menos, porque depende do tipo de obra", diz Torraca, na gravação. "Por exemplo, casa [...] dá 2% só, porque não compensa. O custo não dá. Já emenda de asfalto e drenagem, esse dá para dar até dez sem problema nenhum."
Na gravação, também é citado o nome do deputado federal Geraldo Resende (PMDB-MS). Em um trecho, Passaia menciona que um empreiteiro pagaria 10% de "retorno" ao deputado e 5% ao senador.
"Por que que ele [Delcídio] só quer cinco? Ele é bonzinho demais?", questionou.
A Operação Uragano foi deflagrada em setembro de 2010. O ex-secretário Torraca foi um dos 29 presos à ocasião --uma lista que incluía o prefeito, Ari Artuzi (sem partido), o vice, a primeira-dama e toda a Mesa Diretora da Câmara Municipal.
O processo tramita em segredo de Justiça. Em nota publicada em seu site, Delcídio negou que tenha envolvimento com o suposto esquema e se disse vítima de uma "investida de seus adversários políticos".
"A prova cabal de inexistência de qualquer envolvimento [...] é o próprio relatório feito pela Polícia Federal ao concluir as investigações, que nada traz em relação ao senador", disse a nota.
O senador disse, ainda, que abriu processo penal contra o ex-secretário Eleandro Passaia, "em face das insinuações ofensivas e destituídas de veracidade."
O deputado Geraldo Resende afirmou "repudiar com veemência" as afirmações contidas na gravação. Ele também disse não ter sido citado no relatório final da Polícia Federal. "Fui o inimigo número um da administração Artuzi", afirmou o deputado, que disse que está processando Passaia.
A Folha não conseguiu contato com os ex-secretários Eleandro Passaia e Jorge Torraca, nem com o advogado de Artuzi até a publicação da notícia.
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