Clique aqui e confira o video com os moradores do Morro do Bumba
Sem ajuda da prefeitura ou dinheiro para pagar um aluguel, a técnica em enfermagem Marcele Soares de Carvalho Cabral, de 27 anos, teve que voltar para casa interditada pela Defesa Civil no Morro do Bumba, em Niterói. Depois de quatro meses da tragédia provocada pelas chuvas — na qual morreram 47 pessoas soterradas — ela e a família, que chegaram a morar em São Gonçalo, não receberam aluguel social e foram obrigados a voltar, mesmo sob risco de um novo deslizamento, à localidade conhecida como Ponte.
Para voltar ao Bumba, Marcele pagou R$ 550 retirar o barro que obstruía a entrada e a lateral da casa. Com o desmoronamento, um valão foi coberto pela terra. Moradores fizeram um mutirão para abrir novo ponto de escoamento.
O lixo acumulado e a terra que desce das obras do PAC impedem que a filha de Marcele, Ana Clara, de 6 anos, brinque fora de casa.
— Ela nem brinca mais com os amigos da escola. Eu não deixo porque tenho medo de que ela fique doente. Temos um vizinho que teve leptospirose — diz a moradora.
Marcele conta que, quando chove na região, os moradores ficam em pânico:
— Ninguém dorme. Eu e minha família ficamos sempre em pé a noite inteira, olhando para o alto do morro, esperando a hora daquilo começar a desabar e de a gente ter que correr.
Com o laudo da interdição em mãos, ela conta que foi orientada pela Defesa Civil a procurar a prefeitura, mas uma peregrinação por vários órgãos terminou sem o recebimento do aluguel social. Pelo mesmo problema passam diversos moradores do Bumba. Mesmo com os documentos, eles não conseguem receber o benefício.
Prefeitura afirma desconhecer ocupação de casas interditadas
Segundo a prefeitura, as 3.200 famílias cadastradas com o laudo de interdição da Defesa Civil já receberam três parcelas do aluguel. A quarta está prevista para a próxima semana. Quem não se inscreveu ou não recebeu o dinheiro deve aguardar a assinatura de novo contrato com o governo estadual. A prefeitura informou ainda que desapropriou uma área de 5 mil metros quadrados, próximo ao morro, para construção de nove prédios com 180 apartamentos.
O município alega que a Defesa Civil desconhece que moradias interditadas no morro estejam habitadas. No dia 4 de junho, porém, o EXTRA revelou que moradores retornavam às casas porque não receberam o benefício.
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