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domingo, 6 de junho de 2010

Espionagem a Serra custaria R$ 1,6 milhão, diz delegado a revista



Onézimo Sousa disse ter sido procurado por representantes do PT.
Partido e comitê de Dilma Rousseff negam envolvimento com o caso.

Do Jornal Nacional


Um delegado aposentado da Polícia Federal disse à revista “Veja” desta semana que foi procurado por pessoas ligadas ao comitê eleitoral do PT para espionar o pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial.

Veja o site do Jornal Nacional

A revista publicou uma entrevista com o delegado aposentado da PF Onézimo Sousa em que ele afirma ter sido procurado por integrantes do comitê da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, para espionar possíveis traidores dentro da própria campanha petista e principalmente o pré-candidato da oposição, José Serra, do PSDB.

Segundo o delegado, o encontro teria ocorrido em abril, em um restaurante de Brasília, e, além de um amigo dele, teriam participado Luiz Lanzetta, dono da empresa Lanza, responsável pela contratação de jornalistas para a campanha de Dilma Roussef, Benedito de Oliveira Neto, um dos sócios da empresa Dialog, que tem contratos com o governo Lula, e o jornalista Amaury Ribeiro Júnior.

Era para levantar tudo, inclusive coisas pessoais. O Lanzetta disse que eles precisavam saber tudo o que eles faziam e falavam. Grampos telefônicos…"
Onézimo Sousa, delegado aposentado da Polícia Federal

Ainda segundo o delegado, a proposta foi de um R$ 1,6 milhão pelo trabalho. Na entrevista, ele diz que a proposta partiu de Luiz Lanzetta a pedido de Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte e um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff.

Na semana passada, também na revista “Veja”, surgiram notícias de que um dossiê contra José Serra estava sendo preparado por pessoas do comitê de Dilma, mas que a operação foi abortada assim que a cúpula da campanha petista tomou conhecimento dela.

Na quarta-feira (2), o pré-candidato do PSDB acusou diretamente a pré-candidata do PT como responsável pelo dossiê. Dilma Rousseff negou e disse que isso era uma “falsidade”. Prometeu processar Serra caso ele confirme a acusação.


Neste sábado, outros jornais voltaram a dar destaque ao assunto com informações de bastidores. O suposto dossiê seria apenas o resultado de investigações jornalísticas que o repórter Amaury Ribeiro fez quando trabalhava para o jornal “Estado de Minas” e que agora sairiam em livro.

Na edição desta semana da revista “Veja”, porém, o delgado Onésimo afirma que foi abordado pelo comitê de Dilma para uma missão de espionagem contra possíveis traidores na campanha petista e contra o pré-candidato José Serra.

A revista “Veja” pergunta quem fez essa proposta. O delegado aposentado responde: “Fui convidado para um encontro com Fernando Pimentel. Chegando lá no restaurante, estava o Luiz Lanzetta, que eu não conhecia, mas que se apresentou como representante do prefeito."

Tem que ficar claro que a pessoa que se encontrou com o delegado não participa da campanha do PT, portanto não há nenhuma responsabilidade nem no PT nem na campanha, até porque nós repudiamos esse tipo de pratica"
José Eduardo Dutra, presidente do PT

“Que tipo de investigação?”, pergunta a revista. “Era para levantar tudo, inclusive coisas pessoais. O Lanzetta disse que eles precisavam saber tudo o que eles faziam e falavam. Grampos telefônicos…", responde o delegado aposentado.

A publicação pergunta ainda: “Pediram ao senhor para grampear os telefones do ex-governador Serra? “Explicitamente, não. Mas quando me disseram que queriam saber tudo o que se falava, ficou implícita a intenção. Ninguém é capaz de saber tudo o que se fala sobre alguém sem ouvir suas conversas. Respondendo objetivamente, é claro que eles queriam grampear o telefone do ex-governador”, respondeu o delegado.

À revista “Veja”, o delegado Onésimo disse que não aceitou a proposta. Neste sábado, o Jornal Nacional procurou o delegado, mas ele não foi encontrado.


O presidente do PT, José Eduardo Dutra, disse que o comando da pré-campanha de Dilma Rousseff nunca procurou e nem autorizou que alguém fosse contatado para fazer um dossiê. Ele disse que Lanzetta não tem assento no comitê de Dilma e que sua firma foi contratada apenas para fornecer jornalistas para a campanha.

“Tem que ficar claro que a pessoa que se encontrou com o delegado não participa da campanha do PT, portanto não há nenhuma responsabilidade nem no PT nem na campanha, até porque nós repudiamos esse tipo de prática”, afirmou Dutra.

Nós estamos defendendo a investigação, principalmente junto ao Ministério Público Eleitoral para saber se isso atinge outras pessoas envolvidas na campanha. Apesar de ser pré-campanha, há indícios de crimes eleitorais"
Deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR)

O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) disse que seu partido vai defender a investigação do caso. “Nós estamos defendendo a investigação, principalmente junto ao Ministério Público Eleitoral para saber se isso atinge outras pessoas envolvidas na campanha. Apesar de ser pré-campanha, há indícios de crimes eleitorais”, afirmou o deputado.

O jornalista Luiz Lanzetta disse, em nota, que foi procurado, em abril, por Onésimo de Souza. Segundo ele, o delegado aposentado queria lhe oferecer serviços de espionagem.

Ele confirmou o encontro no restaurante em Brasília e disse que a proposta foi considerada “inaceitável” e que não houve mais contato com Onésimo. O jornalista afirmou que tem duas testemunhas da conversa e que vai acionar o delegado aposentado na Justiça.

A empresa Lanza anunciou que rescindiu o contrato que mantém com a coordenação de campanha do PT.

O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel declarou, também em nota, que não conhece o delegado e que jamais foi informado de qualquer reunião para tratar do assunto.

Na casa do empresário Benedito de Oliveira Neto informaram que ele está viajando. O jornalista Amaury Ribeiro Júnior não foi localizado.



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