Debruçados sobre as pesquisas, Dilma e equipe traçam estratégia de viagens com o presidente às regiões Sul e Sudeste, onde Serra chega a ter 24 pontos de vantagem. Em São Paulo, ideia é mostrar que avanço no estado teve verba federal
# Tiago Pariz
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende intensificar sua participação na campanha da pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, em regiões onde ela apresentar as maiores dificuldades perante o eleitorado. A prioridade é os dois aparecerem juntos em estados do Sul e do Sudeste. As atividades no Nordeste serão deixadas em segundo plano.
A cúpula da campanha da petista reforça que a necessidade é ter a ajuda de Lula nos locais onde ela vai mal nas pesquisas. São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, e Rio Grande do Sul são os pontos de partida para diminuir a vantagem do pré-candidato do PSDB, José Serra, segundo as últimas pesquisas de intenção de votos.
Em São Paulo, Dilma dá a largada a uma agenda intensa já nesta semana com um giro pelo interior e uma visita à Feira Agrishow, que reúne empresários do agronegócio em Ribeirão Preto. Na festa do 1º de maio, Lula junta-se a sua pupila para participar das comemorações organizadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Força Sindical em São Bernardo do Campo, cidade do ABC paulista.
Os levantamentos mais recentes mostraram que Serra tem uma considerável vantagem sobre Dilma na Região Sudeste. No Datafolha, por exemplo, o pré-candidato tucano tem uma diferença de 18 pontos percentuais, e o Ibope mostrou vantagem de 16 pontos. No maior colégio eleitoral do país, a estratégia está sendo desenhada com cautela, devido ao histórico recente de fracasso do envolvimento de Lula na campanha de 2008 quando ele não conseguiu reverter a desvantagem que a ex-prefeita Marta Suplicy tinha em relação aos adversários.
O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, coordenador da pré-campanha de Dilma Rousseff, disse que Lula precisa se empenhar nos locais onde o partido vai mal por conta da questão óbvia da popularidade dele ser maior que a do partido. “O presidente tem uma popularidade maior do que o do contingente do partido”, disse Pimentel. “Se quisermos expandir (nosso potencial), é bom usar a popularidade. Onde está pior tem que trabalhar mais”, emendou.
A prioridade na agenda no Sul e no Sudeste foi ideia do próprio presidente. Em entrevista ao Correio, Lula disse que a eleição no Nordeste não precisa de esforço: “Lá (no Nordeste), eu não vou nem chegar. Lá, eles são Lula. Lá, estou representado. Eu quero ir é aos outros lugares”. Questionado se não se preocupa com a região em que ele detém o maior nível de popularidade, ele respondeu: “Lógico que me preocupa. Não existe eleição ganha antes da apuração, mas o carinho que o povo nordestino e do Norte tem por mim é de relação humana forte. Vou pedir o apoio desses companheiros para a minha candidata e vou trabalhar em outros estados”.
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A ideia nas visitas dos dois juntos a cidades de São Paulo não é apenas participar de comícios ou caminhadas, explorados à exaustão na campanha de Marta, mas tentar apresentar ao eleitorado que o sucesso do governo estadual de José Serra se deu graças ao dinheiro federal. “A ideia é ter uma participação ativa, não necessariamente em comício, porque tem muita inauguração sendo feita em São Paulo com recursos do governo federal. É preciso demonstrar a origem do dinheiro”, disse o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que coordenou a campanha de Marta. O PT fiscalizará as próximas inaugurações do governo tucano para levantar se a determinada obra teve verba federal.
Dilma participou ontem do lançamento da candidatura ao governo estadual do senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Os petistas tentam vender que essa eleição em São Paulo será diferente das últimas coleções de derrotas do partido. São Paulo tem sido um caso tão específico que nos dois últimos pleitos presidenciais, Lula, mesmo vitorioso, foi derrotado por Alckmin, em 2002, e por Serra, em 2006. “O PSDB conseguiu vender ilusões com o alto número de publicidade”, atacou Zarattini.
Escândalos
Os levantamentos de intenção de votos mostraram que a diferença de Serra para Dilma é ainda maior nos três estados do Sul. Segundo o Datafolha, são 20 pontos que os separam; o Ibope mostrou uma distância de 24 pontos. No Rio Grande do Sul, o pré-candidato do PT, Tarso Genro, pretende explorar as crises do governo de Yeda Crusius e apresentar os 16 anos administrando a capital Porto Alegre como uma época em que a gestão funcionava. Mais: lembrar que Dilma Rousseff foi secretária no governo de Olívio Dutra (PT) e tentar mostrar que a administração tucana só não implodiu afetada por escândalos de corrupção por causa dos projetos financiados pelo governo federal.
Nos dois outros estados, os problemas se amontoam. Em Santa Catarina, o PMDB quer que a pré-candidata ao governo, Ideli Salvatti (PT), retire seu nome da disputa para apoiar Eduardo Moreira. No Paraná, o pedetista Osmar Dias, que está na disputa pelo governo estadual, quer que o PT desista de concorrer ao Senado com Gleisi Hoffmann. Como os petistas resistem, Dias flerta com um apoio ao PSDB
http://clipping.tse.gov.br/noticias/2010/Abr/25/com-uma-forcinha-de-lula
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