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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Por que é tão bom ser político no Brasil?


Exclusivo VEJA.com


3 de dezembro de 2009

Por Marina Dias

Vanderlei Luxemburgo gaba-se de ser um dos técnicos (ou o técnico) mais bem pagos do futebol brasileiro: são 500.000 reais ao mês, especula-se no mercado. Apesar da bolada, o treinador - nascido no Rio e que trabalha em Santos (SP) - se filiou, em julho, ao Partidos dos Trabalhadores (PT) de Tocantins e agora pode lançar candidatura ao Congresso. Comenta-se que quer trocar a alcunha "Luxemburgo, o estrategista" por "Vanderlei, o senador". Seu caso não é único. Os ex-atacantes Romário e Edmundo e o ex-pugilista Acelino de Freitas, o Popó, querem uma vaguinha na Câmara dos Deputados. Não é difícil imaginar por quê.


REVISTAS ABRIL

Deputados e senadores recebem 14 salários de 16.500 reais ao ano, além de benefícios e outras mordomias. Mas esses não são o principal atrativo para os famosos que pretendem entrar na política. "O que essas pessoas procuram é notoriedade, ascensão social e circulação em extratos mais elevados da sociedade", afirma Roberto Romano, professor de ética e política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Some-se a isso ganhos como direito a foro privilegiado. O saldo do pacote de benefícios, portanto, parece bem vantajoso - seja o candidato famoso ou não. Confira no quadro a seguir salários, benefícios e outras vantagens da vida parlamentar, além das verbas para exercício das atividades profissionais.






Salários e outras vantagens

Triunfo da voz das ruas
Os brasileiros reagem ao desvarios de deputados federais e senadores, que tentam elevar os próprios salários em 91%. Vindo de diversas capitais, o repúdio público consegue barrar o excesso dos parlamentares.

Olha o trenó da alegria
Deputados federais e senadores decidem aumentar seus próprios salários em 91%. A proposta faria os rendimentos passarem de 12.847 reais para 24.500 reais - equivalente ao ganho mensal dos ministros do STF, teto do funcionalismo público.

A volta da turma dos fura-teto
O teto salarial do funcionalismo público brasileiro, na Constituição de 1988, foi fixado em 8.500 reais. Em 2006, chegou a 24.500, devido às artimanhas da elite do funcionalismo, o chamado movimento dos fura-teto.

Só a pressão resolve
Pressionados pela opinião pública, parlamentares esquecem o reajuste dos próprios salários e aproveitam para melhorar a imagem da Câmara, votando com rapidez fora do comum matérias que diminuem algumas mordomias.

Na república salarial do Brasil
Membros do Legislativo e do Judiciário assumem o papel de líderes sindicais: parlamentares tentam equiparar os próprios salários aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal - que, por sua vez, decidem não ficar para trás.

Saiu a 1ª reforma: o aumento dos deputados
Enquanto o salário mínimo recebe reajuste de 15%, congressistas elevam os próprios ganhos em 55%. De quebra, aumentam as verbas para despesas extras de gabinete em 70%.

Além da conta
Documento mostra que cada um dos 77 deputados estaduais de Minas Gerais recebe 60.000 reais por mês. Segundo o presidente da Assembléia, as verbas não são salário: apenas se destinam à "manutenção do mandato".

Eles moram, você paga
Enquanto o país mergulha em um déficit habitacional de 5 milhões de residências, VEJA revela que, no mínimo, 12.500 brasileiros recebem auxílio-moradia diretamente dos cofres públicos - um gasto faraônico de 214 milhões de reais por ano.

Você vai pagar
Deputados estaduais do Rio de Janeiro aprovam aumento de salário disfarçado de auxílio-moradia, enquanto deputados distritais de Brasília derrubam projeto que prevê a redução de suas despesas. É a farra com o dinheiro do contribuinte.

E para o mínimo, nada?
A título de auxílio-moradia, o Supremo Tribunal Federal determina aumento de 3.000 reais sobre os salário dos juízes. Os magistrados, porém, já têm onde morar, o que causa alvoroço em Brasília.

Em causa própria
Enquanto o salário mínimo mantém-se em impávidos 136 reais, parlamentares, com ganhos de 8.000, querem reajuste. Os motivos: para um deles, por exemplo, a mensalidade de 68 reais do clube está pesada.

A mamata nas assembléias
O milagre da multiplicação do ordenado - patrocinado com dinheiro público - concede aos deputados estaduais vantagens absurdas, um gasto que totaliza 1 bilhão de reais por ano com salários inflados e outras mordomias.

Guerra do teto
Em Brasília, os tribunais superiores do Trabalho e da Justiça se engalfinham com o STF para definir quem decide sobre o teto salarial do funcionalismo público. Por detrás da briga, escondem-se também interesses nada políticos.


Nepotismo e empreguismo

Empreguismo e trambicagens
Apuração de VEJA sobre a demissão de 1.200 funcionários da Câmara mostra que há mais do que cortes de excesso - e revela as caras daqueles que empregam mulheres e filhos.

Acabou a moleza
Decisão histórica do Supremo Tribunal Federal dá fim ao nepotismo no Judiciário - acabando também com uma enxurrada de liminares em tribunais de todo o país que tentam evitar a consumação da medida.

Obrigado, papai
O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, nomeia seu filho como superintendente do Ministério da Agricultura em Pernambuco. A Casa se alvoroça - e começa a desenterrar PECs que atacam o nepotismo.

Vagas abertas
O ministro do STJ Edison Vidigal faz 39 nomeações de não concursados, para salários entre 5.300 a 7.800 reais. Entre os beneficiados, estão a neta e a ex-nora de José Sarney, responsável por sua nomeação como membro do STJ, dezesseis anos antes.

Quem vai pagar?
O Senado ressuscita um antigo projeto de lei sobre o número de vereadores no Brasil para tentar conter uma decisão severa do TSE - cortar 8.500 vagas nas câmaras municipais. A manobra do Senado prevê cortar apenas 3.000.

A praga do fisiologismo
Ao chegar ao governo, o PT, renegando seu passado de intransigência a respeito do nepotismo e do fisiologismo, reserva 15.000 dos 21.000 cargos de confiança para seus companheiros de partido.

Cota das companheiras
Em pleno mandato de Lula, as mulheres de figurões petistas, como Antônio Palocci, José Dirceu e Ricardo Berzoini, mudam-se de mala e cuia para Brasília e são agraciadas pelos maridos com um emprego - público, de preferência.

Cada parente no seu galho
Proposta de lei prevê a criação de cotas para a contratação de parentes em toda a esfera do poder público. A idéia de limitar o nepotismo leva a uma questão polêmica: qual seria o tamanho do abuso no país?

O Zeca é do PT...
O governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, coloca mulher, irmão e sobrinhos em cargos públicos. Antes, como deputado estadual, o mesmo Zeca tinha um projeto contra o nepotismo.

Aos parentes, tudo
Ao ser nomeado como juiz do Superior Tribunal de Justiça, Falcão Neto tinha um currículo ilustre e nada invejável. Dentre os feitos, está a contratação da mulher, da filha e da irmã para auxiliá-lo em seus gabinete, em Pernambuco.

Esse é imbatível
O prefeito de Floresta Azul (BA), Raimundo Cardoso, transforma a administração pública em festa familiar. Todas as secretarias e cargos de confiança foram entregues a parentes, num total de 21 cabides.

A farra dos parentes
O Ministério Público envia à CPI do Judiciário documentos que indicam a prática de nepotismo por juízes do Trabalho. O concurso que preencheu as vagas é suspeito de fraude - depois da publicação, os organizadores sumiram com o dinheiro das inscrições e queimaram os testes.

Parentes, eu?
Zeca do PT, à frente do governo do Mato Grosso do Sul, contrata mulher, irmão e sobrinhos. O rendimento da patota, somado, resulta um bolo salarial de 22.000 reais por mês, sem contar o salário do governador, de 7.000.

Os parentes suplentes
A divulgação da lista de suplentes dos candidatos a uma cadeira no Senado - e uma análise dos que já ocupam postos na Casa - revela quantos deles preferiram parentes e financiadores como suplentes.


Outras mordomias

Virou agência de viagem
Deputados usam cota de passagem aérea do Congresso Nacional para passeios com namorada, esposa, filhos, parentes, amigos e até para negócios.

O SENADOR NÚMERO 82
O diretor-geral do Senado, José Alexandre Gazineo, comanda 10 000 servidores, um orçamento de 2,7 bilhões de reais, tem poder, influência e acesso aos arquivos que mostram irregularidades de senadores e funcionários.

O Senado perde a compostura
Gastos sem controle, pagamento de horas extras nas férias, uso de funcionários em benefício próprio - eis o Senado de Renan e sua tropa de choque.

A farra do cartão de crédito
Os cartões de crédito corporativos, distribuídos pelo governo para bancar despesas oficiais, alimentam as mordomias de ministros e assessores - e até mesmo a despensa do presidente Lula.

Crédito ou débito?
A assistente social Matilde Ribeiro, no comando da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do governo Lula, efetuou gastos de 171.500 com o cartão de crédito corporativo do governo, pago pelos contribuintes.

Governadora muito família
A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, levou à casa de praia em Salinas - disponibilizada à ela pelo estado - o namorado e 22 assessores, pagando a todos diárias de "trabalho". Também usou o jato fretado do governo para ir à formatura do filho, em Belo Horizonte.

Tem índio na Suíça?
O presidente da Fundação Nacional do Índio, Mércio Pereira Gomes, fez 17 viagens internacionais - sendo sete à Suíça - e 118 ao Rio de Janeiro. Já às terras indígenas, ele foi apenas 49 vezes. Tudo, claro, bancado pelo erário.

Pegou mal
A ministra da Assistência Social, Benedita da Silva, torra 10.000 reais dos cofres públicos em uma viagem pessoal à Argentina. Repreendida publicamente, é convidada a devolver o dinheiro.

A morada do poder
Políticos trocam seus velhos apartamentos funcionais, em Brasília, por flats em um hotel de cinco estrelas. Um dos motivos do sucesso é um tal "plano zero", por meio do qual eles comprar o apartamento e quitam as parcelas com o auxílio-moradia.

Gol contra
José Gomes da Rocha, enquanto deputado pelo PMDB de Goiás, contratou seis jogadores do Itumbiara Esporte Clube, do interior do estado, como assessores. Foi condenado a perder o mandato por improbidade administrativa.

História sem fim
Os ministros não foram os únicos a utilizarem os aviões da FAB para viagens pessoais. Militares dos alto escalões do Exército, Aeronáutica e Marinha também pegaram carona na farra extra-oficial.

Ainda tem mais...
Os aviões da FAB não apenas levavam os ministros para estadas paradisíacas em Fernando de Noronha, como também a outros destinos nada oficiais, como festas em Vitória e trepidantes temporadas de Carnaval em Salvador.

A ilha da fantasia
Ministros e outros altos funcionários do governo federal vão passar confortáveis fins de semana em Fernando de Noronha - utilizando aviões da FAB e lançando as despesas aos cofres públicos.

A turma do balacobaco
Noventa deputados e senadores devem mais de 31 milhões aos cofres públicos, resultantes do estouro de cheques especiais em bancos públicos ou multas não pagas ao Ibama. O pior: fingem que nem sabem.




LAST

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