Profissional leva equipamentos portáteis que podem ser montados em qualquer lugar.
O atendimento em casa pode sair de 20% a 100% mais caro.
Vivendo em uma grande cidade, com um trânsito caótico e cada vez com menos tempo, o paulistano se habituou a contar com serviços em domicílio. Além dos já conhecidos disque-pizza, disque-remédio e disque-encanador, as pessoas agora podem contar também com um tipo de "disque-dentista", um serviço de atendimento odontológico em casa.
Munido de equipamentos portáteis, cadeira reclinável para o paciente, assento com rodinha para o profissional e até de uma cuspideira, o dentista vai até a casa ou local de trabalho do paciente e monta seu consultório em cerca de 15 minutos. Pouco conhecido, o serviço é chamado de dentista em domicílio, dentista móvel ou dentista home care.
“Tenho o básico aqui e me adapto ao local onde estou. Para mim é como se fosse um consultório normal”, diz o dentista Carlos Henrique Guy Pricoli, que decidiu abandonar o consultório que tinha em Itapevi, na Grande São Paulo, há três anos e, atualmente, só atende em domicílio.
Ele conta que consegue atender no máximo três pacientes por dia, menos do que no consultório. No entanto, segundo ele, o atendimento rende mais. “Aproveito o tempo para fazer o máximo possível. Às vezes, em três consultas, consigo fazer o tratamento que demoraria oito sessões no consultório”, diz Pricoli.
De acordo com os dentistas que fazem esse tipo de atendimento, é possível realizar 90% dos procedimentos com o consultório portátil. Entre os procedimentos que não podem ser feitos estão os implantes e cirurgias mais complicadas.
Mas que tipo de pessoa quer ouvir aquele barulhinho dos equipamentos do dentista na própria casa? Os clientes vão desde o executivo cheio de compromissos, pessoas com dificuldade de locomoção, idosos, doentes, até turistas que querem ser atendidos no hotel. “Já atendemos uma pessoa na casa de campo dela no final de semana porque ela não tinha tempo durante a semana e queria relaxar no campo”, conta Nelly Martins, assistente e mulher de Pricoli, que também atende em asilos e hospitais.
Para os pacientes, a maior vantagem é a comodidade. “Não pego trânsito, não pego chuva, nem sofro em fila de espera de consultório”, diz a dona-de-casa Izelte Munia, de 67 anos, que há um ano faz tratamento dentário em domicílio. Ela conta que marcou a primeira consulta há cerca de um ano. Na época, Izelte trabalhava e sua casa estava em reforma, o que a impedia de deixar o imóvel. Ela também sofre de um problema na visão, que a atrapalha ao dirigir.
Após vários tratamentos dentários interrompidos e momentos de dor, o coordenador de operações de uma empresa de informática Linon Carlos de Nóbrega, de 49 anos, também decidiu contratar os serviços de um dentista em domicílio. “Tenho hora para entrar no trabalho, mas não para sair, então nunca tinha tempo de ir às consultas, ou era atrapalhado pelo trânsito”, conta ele, que costuma agendar a consulta em casa para as 6h30 ou 7h. Segundo Nóbrega, a maior vantagem do serviço é a comodidade.
A dentista Beatriz Kunze se especializou em odontogeriatria e viu a necessidade de fazer atendimentos nas casas dos clientes. Segundo ela, em alguns casos é preciso abrir mão do próprio conforto para conseguir realizar o tratamento. “Às vezes tenho de atender os pacientes na cadeira de rodas ou na cama”, conta ela, que é dentista em Curitiba e deve começar a atender em São Paulo. Beatriz diz receber vários e-mails e telefonemas de pacientes paulistas procurando por atendimento em casa.
Sem o serviço em domicílio, os idosos da Casa de Repouso Felicitá não poderiam cuidar dos dentes. Das 22 pessoas internadas no local, pelo menos quatro fazem tratamento dentário regular. Segundo a gerente do local, Vilma Cassoli Said, muitos têm dificuldade de se locomover e alguns não conseguem nem sentar na cadeira do dentista e são atendidos em cadeiras de rodas ou na cama. O local abriga idosos entre 73 anos e 95 anos.
O tratamento em casa pode sair de 20% a 100% mais caro dependendo do profissional escolhido e da distância do local de atendimento. De acordo com os dentistas consultados pelo G1, o preço mais alto é explicado porque o profissional acaba realizando menos atendimentos por dia. Na conta, entram o tempo gasto com o deslocamento e as despesas com estacionamento, combustível, e os assistentes - para ajudar nos procedimentos e na montagem dos equipamentos.
A maior parte dos dentistas, além de fazer o atendimento em casa também mantêm um consultório. É o caso de Luiz Schuchmann, que tem consultório no bairro de Higienópolis, na região central, e mantém um serviço que ele chama de home care e office care em todas as áreas da cidade. “Fica mais caro pelo o tempo que perco indo de um lugar para outro”, explica ele, que é mais chamado para atender idosos e pessoas acidentadas.
De acordo com o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP), dentistas com registro no órgão podem fazer atendimento em domicílio, em hospitais, asilos, entre outros lugares. Segundo o presidente do CRO-SP, Emil Adib Razuk, o dentista deve garantir a biossegurança dele e do paciente nos atendimentos em domicílio e manter uma estrutura num lugar fixo para poder esterilizar os equipamentos.
Além do registro no conselho, o dentista precisa também da autorização da Vigilância Sanitária municipal para poder atuar. Os pacientes podem checar se o dentista tem registro no CRO-SP pelo telefone 11-3549-5500. Sphere: Related Content
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