O quarto bom (e ousado) disco
Mario Marques
Não se pode acusar o Coldplay de emular o U2. Foi exatamente no momento em que a banda de Bono Vox tirou de campo o rock clássico dos 80 e pôs barulhinhos e eletrônica em estúdio que Chris Martin resolveu fazer o caminho inverso com a estréia, em Parachutes (2000). Viva la vida acentua esse caminho. É, decerto, o disco mais U2 do Coldplay. Reforçado não só pela presença de Brian Eno em estúdio como pela atitude instrumental. O piano de Chris Martin, que elevou clássicos como Clocks num passado recente, perde terreno para guitarras e cellos e violinos, como na faixa-título. Virou peça de museu. Só em Violet Hill, ganha uma intro digna. Mas é logo abarcado por uma guitarra muito pesada e dinâmica beatle. O disco é aberto por uma faixa instrumental, Life in technicolor, que demonstra o quanto as guitarras ganharam timbres variados, papel de Eno, mas também é um registro de vivacidade e ousadia. Há muitas passagens com essas intenções em Viva la vida. Em 10 canções, o Coldplay faz seu quarto bom disco. Nos anos 2000 não se viu isso.
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