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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Lula vê ‘fogo amigo’ em nova denúncia contra Dilma

Oposição planeja usar caso Varig para mirar no presidente

Fábio Pozzebom/ABr
Vai começar tudo de novo. Sai a denúncia do dossiê anti-FHC. Entra o caso da venda da Varig.

As cúpulas do PSDB e do DEM enxergaram na acusação pólvora suficiente para disparar contra o próprio Lula.

Farejando a movimentação inimiga, o presidente deu de ombros: “Vão quebrar a cara de novo”, disse a um auxiliar, na tarde desta quinta-feira (5).

Na mesma conversa, Lula declarou-se “intrigado” com a origem dos ataques à ministra Dilma Rousseff. Acha “curioso” que partam, invariavelmente, de pessoas ligadas ao PT.

No caso do dossiê, descobriu-se que o “espião com crachá” era o petista José Aparecido, levado à Casa Civil pelo ex-ministro José Dirceu.

Na encrenca da Varig, quem fornece munição ao inimigo é Denise Abreu, personagem que também fizera escala na Casa Civil antes de chegar à Anac. De novo, sob Dirceu.

Lula enxerga na sucessão de problemas indícios de fogo amigo. Associa a sucessão de más notícias à contrariedade de setores do PT com a superexposição obtida pela ministra-presidenciável.

Em diálogos privados, lideranças tucanas e ‘demos’ decidiram adotar uma estratégia apelidada por um deles de “escada”.

Pretende-se subir um degrau por vez. Vê-se como primeiro estágio a inquirição, na comissão de Infra-Estrutura do Senado, de 11 personagens ligados ao caso Varig.

Confirmando-se as denúncias feitas por Denise Abreu, a ex-diretora da Anac, o “degrau” seguinte será o advogado Roberto Teixeira.

Compadre de Lula, Teixeira foi definido como um “abridor de portas” por um dos sócios brasileiros do fundo norte-americano Matlin Patterson, que abiscoitou a Varig, supostamente beneficiado pela interferência da Casa Civil.

Padrinho de um dos filhos do presidente, o advogado Teixeira integra o rol de “convidados” a dar explicações à comissão do Senado.

Se a versão do tráfico de influência sobreviver às oitivas, a oposição vai ao “degrau” seguinte: Dilma Rousseff.

A idéia é arrastar a ministra novamente para a comissão de Infra-Estrutura. O mesmo foro em que foi questionada por mais de oito horas sobre o episódio do dossiê.

Em maioria na comissão, o bloco parlamentar de Lula prepara-se para resistir. No caso do dossiê, a convocação da ministra foi obtida graças a um cochilo dos governistas.

Agora, como diria Stanley Kubrick, o líder de Lula no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), está "de olhos bem abertos".

A oposição já ensaia o discurso: a eventual recusa a um novo comparecimento de Dilma no Senado será explorada como tentativa do governo de acobertar malfeitos.

Vai-se, então, ao último ao topo da “escada”: Lula. Um “degrau” que vem se mostrando impermeável a ataques.

O que há, por ora, são acusações que chegam desacompanhadas de documentos. Vocalizadas por Denise Abreu, foram, porém, corroboradas por outros personagens.

Há, de resto, uma evidência incômoda: embora a lei limite em 20% a participação de estrangeiros em companhias aéreas brasileiras, o fundo Matlin Patterson, dos EUA, exerce controle absoluto sobre a Varig.

Tanto assim que a Anac, agora sob nova direção, fixou, nesta quinta-feira (5) um prazo de 30 dias para que lhe seja apresentada uma nova composição societária da companhia.

Escrito por Josias de Souza às 02h50

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